abreA solenidade foi realizada nos termos da Resolução n° 3.180, de 17 de outubro de 2018, de autoria do vereador. Foto: Oscar Jupiraci.

Na noite da última quinta-feira (28/11) foi realizada, no palácio João Ramalho, sessão solene para comemorar o Dia do Tradutor e Intérprete em São Bernardo do Campo, presidida pelo vereador Pery Cartola (PSDB).

Além do vereador, compuseram a mesa de honra: Ana Beatriz Braga Dinucci, presidente do Sindicato Nacional dos Tradutores; Robson Miguel, tradutor e historiador do Instituto Histórico Geográfico de São Paulo; Adalberto Dias Almeida, presidente do Instituto do Patrimônio ABC e Ângela Levy, intérprete de conferências e co-fundadora da ALUMNI e José Roberto Gil Fonseca, secretário de Cidadania, Assuntos Jurídicos e Pessoa com Deficiência, representando o Poder Executivo.

Em seu pronunciamento, Pery agradeçeu por fazer parte dessa comemoração, e comentou que essa iniciativa fomenta essa profissão que todos deveriam dar a devida importância. “Se for analisar, nós dependemos de um tradutor ou intérprete para atividades cotidianas. O trabalho de vocês fomenta o ensino de novas línguas. Hoje em dia, até para uma conquista no mercado de trabalho, é fundamental ter fluência em outras línguas”, ressaltou o parlamentar.

peryPery ressaltou a importância desses profissionais que, dentre várias atividades, fomentam o ensino de línguas estrangeiras. Foto: Oscar Jupiraci.

A tradução está presente no dia a dia de todos: nos livros de literatura estrangeira, notícias de jornais de outros países, legendas e dublagens de filmes, documentos que chegam do exterior, congressos e reuniões internacionais. Até mesmo bulas de remédios e manuais de eletrodomésticos precisam de tradução. Uma boa tradução não pode parecer uma tradução, tem que parecer invisível, não pode alterar o sentido.  

Tradutor é o profissional que trabalha com textos escritos; já o intérprete, dedica-se à linguagem oral. Ao longo da história do Brasil, a figura do intérprete sempre esteve presente. Nas próprias tribos indígenas havia os que exerciam o papel de intérpretes das diferentes línguas indígenas.

Portugal, ciente da importância estratégica de se ter uma comunicação efetiva com os povos de suas colônias, possuía intermediários que exerciam o papel de intérpretes. Com este intuito, por volta do ano de 1515, João Ramalho foi enviado para o Brasil para que aprendesse a língua dos povos locais e facilitar a comunicação. Essa função ocupada por ele está comprovada em cartas e registros.

João Ramalho casou-se com Mbycy, mais conhecida como Bartira, índia filha do chefe da tribo dos Guaianazes, o cacique Tibiriçá. Como filha do cacique, Bartira conhecia a língua das tribos locais e também exerceu o papel de intérprete e conciliadora. Importante destacar que um dos filhos do casal, André Ramalho, também foi intérprete, tendo acompanhado o padre Manoel da Nóbrega em sua jornada de catequização pelo interior do Estado de São Paulo.

O tradutor também sempre esteve presente na história, traduzindo e interpretando documentos, livros, reuniões, segredos de fábrica e relatórios financeiros, bem como legendando filmes.

Em São Bernardo do Campo, desde 2017, tradutores e intérpretes têm se reunido em encontros bimestrais para discutir temas de interesse da área e promover a troca de conhecimentos. Nestas reuniões, realizadas no bairro do Rudge Ramos, têm comparecido profissionais das cidades do ABC e de outros municípios da região metropolitana de São Paulo.

O município de São Bernardo do Campo reúne uma grande quantidade de tradutores e intérpretes, não só pela importância cultural da nossa região, como também pela sua importância comercial e industrial. Aqui, existem desde tradutores e intérpretes ligados a indústria da cidade, até profissionais que atuam no âmbito nacional, traduzindo livros, filmes, novelas e outros documentos culturais. Além disso, dada à globalização da profissão e a facilidade de comunicações mundiais, muitos dos tradutores e intérpretes do Grande ABC atendem clientes do exterior traduzindo desde documentos técnicos e financeiros até peças publicitárias, bem como atuam em congressos e reuniões não só no Grande ABC como em todo o Estado de São Paulo e no exterior.

robson miguelAlém de tradutor e historiador, Robson Miguel é músico e fez uma apresentação do hino nacional em guarani numa versão feita por ele em parceria com Karaí Basílio. Essa versão já foi apresentada em diversas solenidades no Estado de São Paulo e em Brasília. Foto: Oscar Jupiraci.

Ao final da sessão foram entregues homenagens a representantes de associações que representam a categoria dos tradutores e intérpretes. Foram homenageados:

Robson Miguel

Violonista de carreira internacional, Cientista Social Indígena; Historiador Indígena; idealizador e Organizador dos Jogos Indígenas de São Paulo, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, membro do Instituto Biográfico Brasileiro e também da Academia Metropolitana de Letras, Artes e Ciências. É palestrante Indígena Especializado nas Trilhas Indígenas do Peabirú e cacique eleito na Aldeia Indígena Guarani Itaóca – Mongaguá. É Cacique Presidente da ABRAIMA – Associação Brasileira de Apoio ao Índio e ao Meio Ambiente. É também secretário adjunto de cultura da prefeitura municipal de Ribeirão Pires. Poliglota, fala português, inglês, alemão, espanhol, francês, tupi-guarani, guarani e tikuna. É tradutor do Instituto Histórico Geográfico de São Paulo e entre as traduções que realizou, podemos destacar: a tradução pioneira dos nomes do mapa da capitania de São Vicente feito por Teodoro Sampaio e a versão oficial no hino nacional brasileiro para o guarani realizada em conjunto com seu vice-cacique Karay Basilio. É autor do livro “Índios: uma história contada pelos verdadeiros donos do Brasil”, primeiro livro de história do Brasil escrito por um indígena.

Analice Abrunhosa de Souza Carvalho

Formada em Letras pela Universidade Gama Filho, estudou inglês, espanhol, francês, alemão e italiano. É formada em tradução e interpretação pela Alumni. Começou a exercer a profissão de tradutora-intérprete em 1981. Traduz manuais técnicos em inglês e espanhol, livros médicos em inglês. Fez a tradução do site de diversas empresas para o inglês e o espanhol. É intérprete para empresas canadenses. Traduz apostilas em inglês para o curso de psicologia da USP. É uma das primeiras tradutoras a ser associada do Sindicato Nacional dos Tradutores.

Adriana Tommasini

Diplomada como Tradutora e Intérprete de Conferências pela Escola de Intérpretes da Universidade de Genebra, Suíça. Diplomada na School of Languages and Linguistics pela Universidade de Georgetown – Washington/DC - USA, obtendo o Certificado de Proficiência como Intérprete de Conferências. Certificado de Habilitação da língua Italiana pela “Scuola de Medici”, Florença – Itália. Habilitada como Tradutora Pública e Intérprete Comercial na Junta Comercial do Estado de São Paulo. Atua como intérprete consecutiva e simultânea desde 1975 nas áreas jurídica, política, econômica, trabalhista, médica, empresarial.

Ana Julia Perrotti-Garcia

Graduada em Odontologia pela USP, apaixonou-se pela tradução. Graduou-se depois em Letras pelas Faculdades Metropolitanas Unidas e se especializou em tradução pela USP. Seguiu sua paixão continuando seus estudos na PUC-SP, onde concluiu o mestrado em linguística aplicada e estudos da linguagem. Hoje é doutora em Língua Inglesa pela USP, Autora de glossários, dicionários e cursos de inglês baseados em corpus. É uma experiente tradutora de inglês, italiano e espanhol, com ênfase nas áreas da saúde. Palestrante nacional e internacional, proferiu palestras nos EUA, Irlanda, Austrália, Inglaterra e Portugal. Atualmente é pesquisadora do Grupo de Estudos em Tradução e Adaptação da USP.

Carlos Prudencio Alonso

Formado em ciências contábeis e administração, atua como tradutor profissional há 19 anos nas áreas jurídica, administrativa, economia, medicina e odontologia nos idiomas inglês, espanhol, francês, italiano e catalão. Participa regularmente dos simpósios e congressos da área. Revisou a versão para o espanhol de seis livros de Odontologia, além de trechos parciais de outros livros. Também revisou o espanhol de várias provas/questionários de Odontologia e traduziu um livro de Teologia. 

Ângela Levy

Foi a primeira Intérprete Simultânea a trabalhar no Brasil, em maio de 1950, em São Paulo. Até 1970, trabalhou sozinha como intérprete simultânea, por não haver profissionais dessa área. A Tradução escrita, porém, foi sua primeira atividade, mesmo antes de 1950, e trabalha nessa área até hoje, especialmente nas especialidades de Medicina, Literatura e História Universal. Criou, em 1971, o Curso de Formação de Tradutores e Intérpretes da Associação Alumni, que coordenou até fevereiro de 2001. Criou também, na Alumni, em 1973, o Departamento de Serviços de Tradução e Interpretação.  Hoje, coordena os trabalhos do escritório Ibycaba Traduções, no qual realiza traduções e revisões de textos das mais variadas áreas em Inglês, Francês e Português.

Cátia Santana

Graduada em Secretariado Executivo Bilíngue pela Universidade Braz Cubas e pós-graduada em Tradução: Inglês/Português pelo Centro Universitário Ibero-Americano. Tradutora e revisora desde 2009, trabalha com os idiomas português, inglês e espanhol e atua principalmente nas áreas médica e farmacêutica. É idealizadora e organizadora do TRADUSA – Encontro Brasileiro de Tradutores Especializados na Área da Saúde.

Édi Oliveira

Começou a traduzir ainda na década de 1980 e tem mais de 30 livros publicados pelas principais editoras brasileiras. Durante esse período, foi também editora e depois Diretora de Produção da única Cooperativa de Tradutores e Intérpretes que já tivemos aqui em São Paulo, infelizmente já fechada. Especializada em Ciências da Saúde, há anos trabalha basicamente para o mercado internacional. Como está gradualmente diminuindo sua carga de trabalho, está abrindo mais espaço para atividades voluntárias, como a coadministração do Barcamp de Tradutores e Intérpretes de São Paulo.

Paul Connoly

Nasceu nos Estados Unidos e mora aqui no Brasil há 40 anos, onde aprendeu a amar a língua portuguesa. É um importante intérprete do nosso país. Entre os diversos trabalhos que realizou, podemos destacar o de intérprete do ministro da Fazenda Guido Mantega em suas viagens oficiais, visitando diversos momentos Tóquio, Moscou, África do Sul, Nova York e Washington. Hoje, atua no mercado de capitais como intérprete de bancos de investimento no exterior. Orgulha-se por ser pai de quatro tradutores intérpretes.

Sônia Marta de Oliveira

Pedagoga graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; especialista em Educação Infantil pelo Centro de Estudos e Pesquisas Educacionais de Minas Gerais/Newton de Paiva. Atualmente trabalha como professora e Tradutora Intérprete de Língua de Sinais. É presidente da Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais.

Tânia Freire

É tradutora técnica há mais de 20 anos e foi levada ao mundo da tradução pela paixão que sempre teve pela língua inglesa. Formou-se no curso técnico de Tradução no Instituto Coração de Jesus, em Santo André, e no curso de Letras - Tradução e Interpretação na Unibero, em São Paulo. Fez cursos de inglês no Brasil e nos Estados Unidos e sempre se atualiza participando de cursos e oficinas tanto de inglês quanto de tradução. Em julho de 2018, passou a fazer parte do grupo de organizadores do Barcamp de Tradutores e Intérpretes do ABC, do qual sempre participou desde sua primeira edição em outubro de 2017.

Danilo Nogueira

Autodidata, traduz esporadicamente desde a adolescência, mas passou a se dedicar exclusivamente à tradução só em 1970. Sua especialidade são as áreas de negócios. Foi um dos primeiros profissionais brasileiros a usar máquina de escrever, computador e memórias de tradução. Fez palestras e ministrou cursos na Argentina, Estados Unidos, França e Portugal, além de várias cidades brasileiras,

Fundadores da APIC

Em 20 de julho de 1971, sentindo a necessidade de reunir em um órgão de classe os profissionais ativos do campo da interpretação simultânea e consecutiva, oito intérpretes pioneiros e empreendedores reuniram-se para criar a hoje chamada APIC – Associação Profissional de Intérpretes de Conferência. Sempre dedicada ao desenvolvimento de boas práticas de mercado, mantendo o mais alto nível de qualificação técnica e desempenho profissional de seus membros, a Associação conta hoje com cerca de 150 membros distribuídos no Brasil e no exterior. A Sra. Ingrid Orglmeister, uma das fundadoras, recebeu a homenagem em nome da APIC.